{ a fábula que
a minha mãe
merecia }
era uma
lenda fabulosa, em que a minha mãe me contava histórias
enquanto
passava a sua doce mão pela minha cabeça. narrativas e
viagens
jamais realizadas mas que, por uma outra mão, a da sua voz,
aconteciam
mesmo, caminhadas escritas com essas mesmas palavras.
e eu queria
como o almada que ela atasse as suas mãos às minhas e
desse um nó
cego e muito apertado, para nunca delas me separar. as
suas mãos
eram o meu refúgio e todo um mundo ainda por descobrir,
quando ela
passava a sua mão pela minha cabeça era tudo tão verdade.
mas depois
senti que a tinha traído, porque o eugénio me lembrou que
ao crescer
tinha deixado de ser o retrato adormecido no fundo dos seus
olhos
meigos, embora eu ainda fosse aquele menino que adormecera
no seu
olhar. o meu corpo é que crescera, saíra da moldura e voara com
as aves. só
queria que soubesses que não me esqueci de nada, mãe, as
tuas mãos
continuam nas minhas, as histórias hão-de ser escritas e nem
as palavras se perderam, pois guardei sempre a tua voz dentro de mim.
:
ResponderEliminarin memoriam
leonor (1924-2018(
... a doçura, josé luís :) ...
ResponderEliminarJá percebi... Um beijo.
ResponderEliminarQue bela homenagem...
ResponderEliminarQue belo nome ...
Que bela idade...
(o meu pai também nasceu em 24... mas deixou-nos há já dez anos atrás)
Lamento a tua perda Luís. Mas sinto que não a perdeste porque a tens em ti.
Um beijinho com carinho
Para além da tristeza que deve sentir...estas conversas com os poetas são bem bonitas, é um jogo interessante entre si e eles. Vou levar para uma sessão de formação.
ResponderEliminar~CC~