[montras de lisboa]
31 dezembro 2015
30 dezembro 2015
dei por mim hoje a trautear isto repetidamente, como um disco riscado
Oh greedy
eyes would you find somewhere to stare?
Keep them on
the prize
and not lifted in the air
Oh tired
feet
you will find somewhere to rest
lifted in the air
Should we
all wake up with nothing but our love
That should
be enough
that should be enough
Oh open
road
would you find somewhere to lead?
And keep me
moving on
and push me if I need
Oh empty
heart
you will be filled once again
with everything you need
Should we
all wake up with nothing but our love
that should
be enough
that should be enough
29 dezembro 2015
fábula na certeza da foz
se eu
fechasse os olhos para recordar o teu corpo
aqui
neste cais à beira-mágoa talvez me atirasse
uma âncora
ferida a abraçar estas águas doridas
na
saudade das marés vivas que nos acordavam
quando
sem rumo nos deixávamos adormecer
e
queria levar poemas comigo e as palavras tuas
canções
de desejo salgado ao sabor da corrente
o teu
corpo desaguado em mim na certeza da foz
mas não
é pelo meu rio que se chega ao teu mar
28 dezembro 2015
acompanhado ao piano por paul shaffer, bill murray tem francamente piada nesta cover do velho clássico de sammy cahn. vale a pena a comparação com dean martin.
The
jingle bells are jingling
The
streets are white with snow
The
happy crowds are mingling
But
there's no one that I know
I'm
sure that you'll forgive me
If I
don't enthuse
I
guess I've got the Christmas blues
I've
done my window shopping
There's
not a store I've missed
But
what's the use of stopping
When
there's no one on your list
You'll
know the way I'm feeling
When
you love and you lose
I
guess I've got the Christmas blues
When
somebody wants you
Somebody
needs you
Christmas
is a joy of joy
But
friends when you're lonely
You'll
find that it's only
A
thing for little girls and little boys
May
all your days be merry
Your
seasons full of cheer
But
'til it's January
I'll
just go and disappear
Oh
Santa may have brought you some stars for your shoes
But
Santa only brought me the blues
Those
brightly packaged tinsel covered Christmas blues
26 dezembro 2015
lá fui ver “la giovinezza”, o último filme de sorrentino. claro que
fica a perder na comparação com o (incomparável) “la grande bellezza” - um dos
filmes da minha vida - e muito por querer ser apenas tão bom. filmado
numa estância alpina, todos (os idosos protagonistas, a estrela pop, a miss
universo e até maradona) ali vão tentar de algum modo procurar recuperar um
tempo perdido mas, como bem diz o médico do hotel (uma genial recriação do
sanatório da “montanha mágica” de thomas mann), essa juventude está no lá
fora... de resto, achei que no lá dentro do filme estava tudo: mantêm-se a
estética, a câmara, o rigor dos planos e sobretudo a sempre viciante banda
sonora - em que os temas de david lang são um must. surpreendente mesmo foi a ‘cameo
appearance’ de mark kozelek (dos sun kil moon) a tocar guitarra para os
hóspedes, recriando maravilhosamente esta velha canção dos yes, escrita pelo
desaparecido chris squire.
Contained in
everything I do
There's a love I feel
for you
Proclaimed in
everything I write
You're the light,
burning brightly
Onward through the
night
Onward through the
night
Onward through the
night of my life
Displayed in all the
things I see
There's a love you
show to me
Portrayed in all the
things you say
You're the day leading
the way
Onward through the
night
Onward through the
night
Onward through the
night of my life
25 dezembro 2015
Poema de Natal
Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos -
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será a nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos -
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez, de amor
Uma prece por quem se vai -
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte -
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.
Vinicius de Moraes
24 dezembro 2015
21 dezembro 2015
20 dezembro 2015
19 dezembro 2015
17 dezembro 2015
Cidade
Do miradouro viam-se as minguantes
luzes
da misericórdia – um simulacro de
treva
no obscuro novembro da cidade. Um céu
longínquo respirava pelo grave vinco
dos telhados, por estreitas ruas
que guardam o eco das nossas vidas,
o incalculável regresso.
Será meu confidente o veleiro vento
vogando pela copa dos ulmeiros,
as mortas folhas de um suave
novembro;
a poalha de cinza sobre o rio; três
ou quatro aves de que agora não
saberei
dizer o nome, porque o mundo muda
pelo cinzento requebro das suas asas.
Um requiem de sinos tece o emblema
deste dia – lábios que se perderam
na treva húmida dos jardins; um
relâmpago pelo imaginado novembro
do teu nome, quando a garoa lateja
à ilharga do sol-pôr acortinando
a ruiva despedida dos amantes.
Deixa-te findar sobre esta estendida
cadeira, pela tardia hora em que os
búzios
se espalham por entre as mãos do
negro,
na adivinhação do longínquo dia de
amanhã.
José Luiz Tavares
15 dezembro 2015
fábula da cartografia das palavras
sem rumo
dobrado o cabo quis reunir as dispersas palavras que me
seguem
deitadas ao rio segui-lo-iam até ao mar e regressariam
com a chuva
breves e fugazes não aproam aos portos certos nem
revelam pistas
falam de outros destinos e creio que quando as correntes
o permitem
decerto aportam a outros cais que sei haver ancorados
dentro de nós
quero acreditar que existem portulanos e cartas de marear
que as citam
fui buscá-las a bordo de uma escrita difusa que outros
navegaram de cor
o meu atlas mais não é que uma resumida cartografia de
palavras sem rumo
são diários de bordo náufragos em mim mas à deriva num
oceano imaginado
e neles apenas se ouve o murmúrio de palavras que
conduzem a outros mapas
14 dezembro 2015
voltou a chuva - e um pequeno (grande) azul de jay bee.
slow down, slow down
let JB step on board
i just wanna ride your train
one time before you go
you’r ‘bout the sweetest little girl
i believe i ever seen
and if i had you by my side
it would mean so much to me
i been a hobo, i been a hobo
mind you, all of my life
don’t matter world i go
i’m never satisfied
slow down, slow down
let me step on board
i just wanna ride your train
one time before you go
12 dezembro 2015
d e s c u b r a
a s
s e t e
d i f e r e n ç a s :
o refrão ad aeternum (i):
não sei quando nasceu a canção dita pop, provavelmente algures no final dos quarenta. eram normalmente melodias escritas pelos maiores compositores (os irmãos gershwin, cole porter, rodgers e hart, kern, mercer, arlen, etc) para a broadway e para a banda sonora dos filmes musicais, que acabaram por constituir o chamado american songbook (e que o jazz soube transformar em standards imortais). mais tarde, com o advento do rock&roll nos anos 50, a canção passou a ter sempre a mesma estrutura: tema, tema, refrão, tema, refrão (e tudo compactado em menos de 3 minutos para poder caber num single de 45 rpm). os anos 60 trouxeram mais liberdade formal e uma figura nova: o refrão que só aparece no final e se prolonga numa repetição (quase) infinita. os dois exemplos mais típicos são um dos hinos de donovan para o flower power emergente e um dos cantos do cisne dos beatles: sendo canções muito diferentes, terminam de uma forma análoga. descubra as diferenças entre o
a) way down below the ocean where i wanna be, she maybe
e o
b) na na na na-na-na-na, na-na-na-na, hey jude
11 dezembro 2015
[Proporções
óbvias entre o místico e o louco
Se a regra é
a de proporcionalidade então essa é a verdade, o místico é proporcional ao
óbvio e o óbvio ao louco, o que não é proporcional não existe.
Uma linha
vertical desenhada a meio do olho, em frente o olhar óbvio, subindo e descendo
a linha, o místico e o louco, incapacitando o caminhar.
O louco a
correr para dentro, o místico a correr para fora, deixando assim o óbvio
calmamente no início.
Uma nova
teoria despede-se da velha com um aperto de mão e seguem em sentidos
contrários. O louco e o místico despedem-se com as mãos do mesmo corpo e
seguem em cruz.
O místico
escreveu uma longa carta ao louco a explicar-lhe que não está sozinho, o
louco respondeu, com um pequeno poema, a explicar ao místico que não está
acompanhado.
O óbvio pode
ter medo. As coisas óbvias podem ter medo e disfarçar para não nos
assustarem. Os planetas podem ter medo. E se a realidade tem medo de nós - os
átomos são mais loucos e místicos que óbvios.
O louco segue
a dança das peças, o místico os quadrados pretos e brancos do tabuleiro, o
óbvio as regras. Ninguém ganhou ainda.
A lágrima do
louco é abandonada à saída, a do místico é lançada para cima e a do
óbvio é disparada em frente. As lágrimas demoram o mesmo tempo a chegar ao
chão.
O místico
não utiliza ferramentas,por falta de curiosidade, o louco não distingue as
ferramentas da curiosidade, o óbvio utiliza como ferramenta a curiosidade, que
repete, até à exaustão do material.
O louco tem
asas, o místico tem asas, o óbvio pode voar:]
Joana Espain
10 dezembro 2015
que me lembre, esta foi a primeira canção que ouvi de jack johnson,
esse estranho misto de músico e surfista do hawaii. boa onda.
I've got a symbol in my driveway
I've got a hundred million dollar friends
I've got you a brand new weapon
Let's see how destructive we can be
Got a brand new set of stencils
I been connecting all the dots
Got my plans in a zip-lock bag
Let's see how unproductive we can be
I've got a light bulb full of anger
And I can switch it on and off
Situations that can be so bright
I can't believe
How pathetic we can be
I've got a perfect set of blueprints
I'm gonna build somebody else
Might cost a little more than money
But what's man without his wealth?
Got a phosphorescent secret
But don't you tell nobody else
Next thing you know
The whole world will be talkin
About all the blues they got
They just ain't no use because
Mmmmmmmmmmmm
Mmmmmmmmmmmm
08 dezembro 2015
fábula de um lento solo de piano
é aqui, nesta
obscuridade das paredes nuas, que um som me acorda
um ruído de
fogueira, de rumor de mar ou oboé longínquo
tento decifrar a
mensagem onde há notas de harpa
por vezes apenas um
lento solo de piano
não reparei logo
que a música era interior, apenas escutada em mim
pois me pareceu que
emanava da tua respiração adormecida
uma melodia
ondulante que pairava triste sobre nós
por vezes apenas um
lento solo de piano
e se fosses tu a
tocar? se o agora estivesse a recordar um outro tempo
em que serenas
as tuas mãos apenas afloravam essas teclas
e entoavam em
segredo algo que só nós ouvíamos
por vezes apenas um
lento solo de piano
e se fosse um deus
a tocar? se assim quisesse lembrar o fim da noite
dizer-me que as
canções intuídas não podem ouvir-se assim
que há uma ária não
segredada no silêncio do sono
por vezes apenas um lento solo de piano
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