íamos pelos nossos dedos
pois eu sou do tempo em que, uma vez por ano,
tocavam à campainha dois homens que vinham
trocar as listas telefónicas, que ainda eram dois
volumes pesados, um com páginas brancas e o
outro das saudosas amarelas, onde íamos pelos
nossos dedos, intrépidos exploradores absortos
em inesquecíveis viagens comerciais. depois, já
com a nova lista nas mãos, procurava a letra v
e voltava a confirmar a ausência de assinantes
lisboetas com o apelido vinho. havia imensos
vinhas, dois ou três vinha e um único vinhal,
porém nenhum vinho. por que razão perdia
tempo precioso em tão fútil inquérito, ouço
perguntar. pois bem, apenas porque da lista
constavam alguns senhores de apelido verde
e muitos mais de sobrenome branco e eu, na
minha juvenil condição de ignorante da rara
preciosidade do tempo, esbanjava-o a pensar
nos apelidos das crianças que poderiam um
dia nascer da união de uma senhora vinho
com um senhor verde ou branco. parvoíces.
Mas parvoíces tão inocentes e boas...
ResponderEliminar~CC~
esta era verdadeira ;)
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