19 novembro 2018







[retrato do artista enquanto jovem geólogo]






8 comentários:

  1. com alguma frequência olho para fotos com pessoas dentro e penso, também, em quem estaria por detrás da câmara.

    claramente, aqui, alguém que gosta, respeita o retratado, para usar o teu verbo: és tu? um cinquentão charmoso, delinguagem corporal algo contida, mas nota-se um entusiasmo de quem olha uma plateia de gente ali mesmo, não em ofício de corpo presente :)

    beijoca, Youssouf Ludwig

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  2. sou eu, a falar de pedras e palavras e outras formações rochosas, na apresentação do livro na cossoul.
    a fotografia foi tirada por um colega da universidade.

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  3. As fotos a sépia também são bonitas e esta ficou muito bem.

    Já que o retrato também mostra um dos poemas escolhidos, vou deixar outro que gostei muito de ver na apresentação do seu livro, e que foi igualmente projectado na parede:


    uma voz na pedra

    não sei se respondo ou se pergunto.
    sou uma voz que nasceu na penumbra do vazio.
    estou um pouco ébria e estou crescendo numa pedra.
    não tenho a sabedoria do mel ou a do vinho.
    de súbito ergo-me como uma torre de sombra fulgurante.
    a minha ebriedade é a da sede e a da chama.
    com esta pequena centelha quero incendiar o silêncio.
    o que eu amo não sei. amo. amo em total abandono.
    sinto a minha boca dentro das árvores e de uma oculta nascente.
    indecisa e ardente, algo ainda não é flor em mim.
    não estou perdida, estou entre o vento e o olvido.
    quero conhecer a minha nudez e ser o azul da presença.
    não sou a destruição cega nem a esperança impossível.
    sou alguém que espera ser aberto por uma palavra.


    antónio ramos rosa

    ___________________

    E ainda sobre os retratos a sépia, descobri isto. :)

    auto-retrato a sépia

    dirão os leitores mais avisados, os que chegarem ao fim destas linhas
    que jamais conseguiria este falso efabulador auto-retratar-se a sépia
    por tal ser uma impossibilidade, um conjunto vazio, um nada, népia
    e que apenas houve uma tentativa de logro com imagens mesquinhas

    diz-se como o poeta da altura do que os seus olhos vêem no mundo
    e confessa ser um homem das ciências mas ter pelas letras um amor
    visceral, não saber o que fazer com e sem elas nesse afecto profundo
    tem depois o desplante de tentar brincar com o que sabe serem tretas
    pois a sério afirma ter o cabelo todo branco mas fazer nuances pretas
    como se fosse possível encobrir com rimas parvas e duvidoso humor
    mágoas que sente pelo envelhecimento de um corpo só, que diz não
    a um espírito ainda jovem e ao seu inflamável e inexperiente coração
    refere gostar de viver para sempre num lugar que fosse perto do aqui
    e agora, numa casa feita de livros com janelas de palavras ditas sem voz
    e vai naquele antigo caderno de todos os barcos do tejo à procura de si
    sabendo no seu íntimo nada mais ser que um rio sem nascente nem foz

    confirma estar refém de um mundo só seu, repleto de fábulas e fantasias
    sobre gente da música e escritores que considera os seus heróis, que assim
    o inspiram a juntar frases, para que algo de seu perdure para além do fim
    e que também não acredita em deus mas lhe pede pelos filhos todos os dias

    josé luís borges de almeida | "fábulas incompletas", último poema do capítulo i.


    (espero não me ter enganado a copiar; é que agora estou em dúvida sobre pontos finais e hoje deixei o livro longe :))

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    1. :) creio que foi bem copiado (a última fábula propositadamente não contém pontos finais a terminar as frases)

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    2. Não tenho sido tão responsável quanto me comprometi, deveria e desejaria, pelo Ruy Belo, numa plataforma que anda por aí, mas mesmo assim já li e transcrevi muitos poemas dele. Pelo que me tenho apercebido, tinha a particularidade de quase nunca usar, ou mesmo não usar (não tenho ainda certeza) pontos finais. (Na poesia. Na prosa usava.)
      No entanto, outra pontuação usava bastante, como pontos de interrogação e de exclamação, e dois pontos.
      Vale o mesmo para as vírgulas, na poesia.
      (Agora até fiquei mais alerta para correcções e verificações que tenho de fazer. Por exemplo, é comum o "Atropelamento mortal" aparecer com pontos finais lá pelo meio e tenho de verificar se o original os tinha.))

      Em vez dessas marcas recorria ao artifício de colocar dois ou mais espaços entre as palavras, e não apenas um. Acontece muito não se respeitar esses intervalos quando se faz a transcrição.

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  4. estratigrafias :)

    um ia irei, um dia poderei ir, também, como esses/as sortudos/as, escutar-te, incl. o como te moves (a mania do cinema... :)

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  5. Eu também irei ao próximo!
    Enquanto não, vou levando daqui.
    ~CC~

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