elogio da
preguiça
ai
que prazer não cumprir um dever,
dizia
o fernando antónio, rendido ao
doce
entorpecimento da inacção. eu
também
sempre preferi ficar a dever
um
dever cumprido do que cumprir
o
mesmo dever incumprido. dizem
que
a preguiça é a mãe de todos os
vícios
mas pelos vistos jamais alguém
tentou
indagar quem foi o pai dessa
abençoada
e indolente inércia, a que
me
entrego sem qualquer remorso.
também
acho graça vê-la considerada
um dos sete pecados capitais, e por
muitos enumerada num modestíssimo
um dos sete pecados capitais, e por
muitos enumerada num modestíssimo
sexto
lugar, entre a inveja e a soberba.
apenas observo o decurso do tempo,
apenas observo o decurso do tempo,
a
vagarosa lentidão dos ponteiros no
relógio,
imaginando-me bradípode e
desdentado,
pendurado num galho
na
selva sul-americana, sublimando
numa
morosa oscilação ao sabor da
cálida
aragem essa negligente aversão
a
todo o labor tornado obrigatório e
qualquer
forma de cumprimento do
dever.
e assim permaneço, órfão de
pai
mas feliz ao colo da minha mãe,
embalado
por esse sonolento verso
ai
que prazer não cumprir um dever.
Ai, tenho que aprender...gostava tanto de a ter.
ResponderEliminar~CC~
eu até gostava de ensinar... mas dá tanto trabalho... ;)
Eliminarah, ah...pois é, se dá!
ResponderEliminar~CC~