20 dezembro 2016







tínhamos os olhos muito abertos.
queimávamos madrugadas de fio a pavio
e as aves desmanteladas que te dava para consertares
conheciam sempre finais felizes.

foram noites gigantes
a olhar pelo buraco da agulha
e a imaginar que do outro lado chegavam as mãos
e as bocas e os peitos.

ocupámos a casa inteira
e suturámos lentamente o coração.

agora estou dentro do sono.
um barco encalhado assinala esta tragédia
e já não sei como convocar os ventos e as marés.
as noites passam lentas e perseguem-me
como animais ainda por nomear.





Leonor Castro Nunes






4 comentários:

  1. eu não acho*, e digo mais:

    - queremos saber desse teu Dédalo, transcreve pedaços, saberemos ligá-los :)

    ________
    Raios, querido Youssouf Ludwig, que te anda a dar aqui para tamanhas doses de angústia; tu ainda não percebeste que te ajudaremos sempre a dar nome aos animais? :D

    Um abraço, grande.

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    1. olá,
      transcrevo dois pedacinhos… sem angústia alguma, apenas gosto por textos bem escritos ;)
      feliz natal para ti e os teus.

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