02 março 2016






[ podia dizer que a escrita neste mural chegou hoje ao fim e encerrar o belogue, mas não o vou fazer. até porque pode 
suceder que daqui a algum tempo volte a sentir motivação para grafitar novamente esta parede branca. até lá, adeus. ]






I vow that it's goodbye
I vow that it's goodbye and God bless
Why did we have to assume
We're exactly the same?
O no, talking about yourself

I vow that it's goodbye to the old ways
Those stories were a good read
They were dumb as well
I could never be seen
Falling down on my knees crawling
O no, talk about a sell

O as the heavens shudder baby
I belong to you
O they said you get what you deserve
And all they said was true

So is this what it's come to?
Am I cold or just a little bit warm?
O well
Just give me an easy life and a peaceful death







01 março 2016






em "palace", um dos meus cornell favoritos, joseph recolheu ramos da árvore que havia nas traseiras da sua casa em 3708 utopia parkway e colocou-os a servir de fundo a uma fachada de um grande edifício, encerrando posteriormente o conjunto numa das suas caixas mais icónicas. em bom rigor, a mim parece-me mais um hotel que um palácio, mas existe um pequeno pormenor que faz toda a diferença: quando nos aproximamos e tentamos olhar para o interior daquelas janelas entreabertas, descobrimos com surpresa que está alguém a olhar para nós, como se os hóspedes do hotel nos observassem numa muda interrogação. e é então que percebemos que existem ali, abrigadas pelas pequenas persianas, superfícies espelhadas: são os nossos olhos que nos olham - e não é uma visão de viajantes a pernoitar num quarto alugado, são os senhores do palácio que nos reprovam a curiosidade, com um olhar de enfado pela nossa imprudente ousadia.







palace
joseph cornell






última  fábula: 






a morte à beira-rio






se eu morrer à beira-rio embrulha o meu corpo num tronco de árvore
deita-o na água e deixa-o flutuar e despede-te e deixa-me partir assim
não chores triste e fica apenas a ver se a corrente me leva tejo abaixo
segue-me pela margem e vais ver que é fácil e que a foz está ali perto
já só tens de fazer mais esse esforço de tentar distinguir-me ao longe
então se observares bem vais ver uma caravela sem mastro nem vela
e acredita que vou dar a volta ao mundo e me lembrarei sempre de ti
que os mares são só sete e que talvez um dia quem sabe até regresse