um
dos enormes atractivos do mundo de joseph cornell é esse: o das viagens
fictícias e a associada saudade de lugares onde afinal nunca se esteve. apesar de
nunca ter saído da área de nova-iorque, através dos livros que leu, objectos
que coleccionou e contactos que manteve, acabou por interiorizar memórias de
uma europa do século xix (uma das suas paixões, a par do ballet) que nem os
europeus já tinham – ou poderiam ter tido. quando em 1933 encontrou pela
primeira vez marcel duchamp – num episódio que se tornou lendário – a propósito
de uma exposição dedicada ao surrealismo, falaram em francês e começaram a
trocar impressões sobre paris, a vida nos cafés e nos boulevards, o que tinha
acontecido na ópera, alguns quadros vistos no louvre e os últimos bailados levados
à cena. no final da conversa, quando cornell por fim confessou nunca ter
visitado a capital francesa, consta que duchamp ficou longos segundos
literalmente de boca aberta.
duchamp dossier
joseph cornell
Um pedaço de vida tão curioso.
ResponderEliminarAh, mas eu consigo ter as minhas cartas muito melhor organizadas. :)
Era assim tudo ao molho? :))
tudo o que se encontra no interior das suas famosas caixas provinha de dossiers organizados por temas ("relógios", "aves", "vidros", "mapas", "bailarinas", etc), típico de um coleccionador compulsivo. este era o dossier em que guardara coisas associadas a duchamp, com quem veio a colaborar e a manter uma amizade durante longos anos. ;)
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