A nossa vez
É o
frio que nos tolhe ao domingo
no
Inverno, quando mais rareia
a
esperança. São certas fixações
da
consciência, coisas que andam
pela
casa à procura de um lugar
e
entram clandestinas no poema.
São
os envelopes da companhia
da
água, a faca suja de manteiga
na
toalha, esse trilho que deixamos
atrás
de nós e se decifra sem esforço
nem
proveito. É a espera
e a
demora. São as ruas sossegadas
à
hora do telejornal e os talheres
da
vizinhança a retinir. É a deriva
nocturna
da memória: é o medo
de
termos perdido sem querer
a
nossa vez.
Rui Pires Cabral
Este é daqueles poemas que encaixa mesmo bem na respectiva etiqueta!
ResponderEliminarBom a valer;)
;)
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