30 outubro 2013








sim, é verdade, há morte depois da vida...



Whenever life gets you down, Mrs. Brown
And things seem hard or tough
And people are stupid, obnoxious or daft
And you feel that you've had quite eno-o-o-o-o-ough

Just remember that you're standing on a planet that's evolving
And revolving at nine hundred miles an hour
That's orbiting at nineteen miles a second, so it's reckoned
A sun that is the source of all our power
The sun, and you and me, and all the stars that we can see
Are moving at a million miles a day
In an outer spiral arm, at forty thousand miles an hour
Of the galaxy we call the Milky Way

Our galaxy itself contains a hundred billion stars
It's a hundred thousand light-years side to side
It bulges in the middle sixteen thousand light-years thick
But out by us it's just three thousand light-years wide
We're thirty thousand light-years from Galactic Central Point
We go 'round every two hundred million years
And our galaxy is only one of millions of billions
In this amazing and expanding universe

The universe itself keeps on expanding and expanding
In all of the directions it can whiz
As fast as it can go, at the speed of light, you know
Twelve million miles a minute and that's the fastest speed there is
So remember when you're feeling very small and insecure
How amazingly unlikely is your birth
And pray that there's intelligent life somewhere up in space
'Cause there's bugger all down here on Earth



















Penélope escreve






É mais que certo: não sinto a tua falta.
Fiquei a tarde toda a arrumar os teus papéis,
a reler as cinco cartas que me foste endereçando
na semana que perdemos: tu no Alentejo,
eu debaixo de água. Fui depois regar as rosas
que deixaste no quintal. Sempre só e sem
carpir o meu estado (porque não me fazes falta),
pus o disco da Chavela que me deste no Natal
e comecei a preparar o teu prato preferido.
Cozinhar fez-me perder o apetite; por isso
abri uma garrafa de maduro e não me custa
confessar-te que não sinto a tua falta.
Por volta das dez horas, obriguei-me a recusar
dois convites pra sair (aleguei androfobia)
e estou neste momento a recortar a tua imagem
(não me fazes falta) nas fotos que possuo de nós dois,
de maneira a castigar com o cesto dos papéis
a inábil idiota que deixou que tu te fosses.









José Miguel Silva





















rapariga lendo uma carta à janela
johannes vermeer










29 outubro 2013

28 outubro 2013








fábula  do  fim  do  ódio






na fábula do fim do ódio, um hindu aproxima-se de gandhi com um filho morto nos braços
diz que foram os muçulmanos que o mataram e pergunta-lhe o que deve fazer para se vingar
gandhi responde-lhe: honra a memória do teu filho e agora adopta uma criança muçulmana









(li numa entrevista a afonso cruz que teria sido esta história, que não se sabe se é verdadeira, a fonte de inspiração para o seu livro "para onde vão os guarda-chuvas")










sempre achei que a vida de william thomas dupree dava um filme – e admira-me que ainda ninguém o tenha feito. 
aos dois anos estava num orfanato em new orleans (o mesmo por onde passou louis armstrong), depois foi cozinheiro 
em restaurantes e bares de chicago e aprendeu sozinho a tocar piano. mudou-se para detroit, tornou-se boxeur
profissional e chegou a ter uma carreira bem sucedida (ganhou a alcunha de “champion jack”, que nunca mais largou) mas entretanto teve início a 2ª grande guerra e foi incorporado como cozinheiro na marinha. passou dois anos prisioneiro num campo japonês e só voltou à música muito mais tarde. o seu estilo pessoal acabou por lhe garantir o sucesso e é hoje considerado um dos maiores pianistas de azuis de todos os tempos.




Everyday, everyday I think of you
And I hope, pretty mama, you think of poor me too

You make me weep, baby, you make me moan over you
You just ain't no good at all, for that's the way you do

You's a good looking woman, but you're hell down in your face
You just lay there all night long, you ain't no good to the human race

I don't want you to put no sugar in my morning tea
Stick your finger in the cup, baby, and you know that's sweet enough for me

Well I'm leaving here mama, I swear I can't take you
'Cause there's nothing now baby, a monkey woman like you can do











27 outubro 2013










[ in memoriam ]


lewis allan "lou" reed
(1942-2013...(








aqui... aqui... aqui...









“O destino será o que nós dissermos um ao outro”





Afonso Cruz
















d e s c u b r a
a s
s e t e
d i f e r e n ç a s :








este passatempo é dedicado a "crimson and clover". 
há o original de tommy james & the shondells 
e a grande recriação do príncipe de minneapolis,
onde se mistura a canção com "wild thing" dos troggs.







Ah Now I don't hardly know her
But I think I could love her
Crimson and clover

Ah Well if she come walkin' over
Now I been waitin' to show her
Crimson and clover
Over and over

Yeah My mind's such a sweet thing
I wanna do everything
What a beautiful feeling
Crimson and clover
Over and over

Crimson and clover, over and over






e há ainda a versão que ouvi em agosto passado,
no concerto mágico do coliseu com as 3rdeyegirl,
que terminou com toda a gente a cantar over and over
e sua alteza e as princesas a divertirem-se em palco...






















bridget riley
david smith








26 outubro 2013






standard eterno: a melodia inesquecível e aquela letra superlativa fazem desta canção de cole porter 
uma das minhas “all-time favorites”. apesar da grande versão de ella fitzgerald, esta ainda é a melhor. 
podia estar aqui a escrever inúmeros pormenores e factos curiosos associados à canção mas prefiro 
confessar apenas: os pássaros fazem-no, as abelhas fazem-no, vamos fazê-lo, vamos apaixonar-nos…




When the little bluebird 
Who has never said a word 
Starts to sing Spring
When the little bluebell 
At the bottom of the dell 
Starts to ring Ding dong Ding dong 
When the little blue clerk 
In the middle of his work 
Starts a tune to the moon up above 
It is nature that is all 
Simply telling us to fall in love

And that's why birds do it, bees do it 
Even educated fleas do it 
Let's do it, let's fall in love

In Spain the best upper sets do it
Lithuanians and Letts do it
Let's do it, let's fall in love

The Dutch in old Amsterdam do it
Not to mention the Finns
Folks in Siam do it 
Think of Siamese twins

Some Argentines, without means do it
People say in Boston even deans do it
Let's do it, let's fall in love

Romantic sponges they say do it
Oysters down in Oyster Bay do it
Let's do it, let's fall in love

Cold Cape Cod clams, 'gainst their wish, do it
Even lazy jellyfish do it
Let's do it, let's fall in love

Electric eels, I might add, do it
Though it shocks 'em I know
Why ask if shad do it
Waiter, bring me shadroe

In shallow shoals, English soles do it
Goldfish in the privacy of bowls do it
Let's do it, let's fall in love

I've heard that lizards and frogs do it 
Layin' on a rock 
They say that roosters do it 

With a doodle and cock 
When the little bluebird 
Who has never said a word 
starts to sing Spring spring spring 
When the little bluebell 
At the bottom of the dell 
Starts to ring Ding ding ding 
When the little blue clerk 
In the middle of his work 
Starts a tune 

The most refined lady bugs do it 
When a gentleman calls 
Moths in your rugs they do it 
What's the use of moth balls 

The chimpanzees in the zoos do it, 
Some courageous kangaroos do it 
Let's do it, let's fall in love 

I'm sure sometimes on the sly you do it 
Maybe even you and I might do it 
Let's do it, let's fall in love



















[ o meu património é ver lisboa com outros olhos ]











25 outubro 2013









Não é o coração
mas esta carne
em seu rumor.

Não é o coração
mas teu silêncio
de intenso furor.

Não é o coração
mas as mãos
sem corpo, vazias.
Na grave melodia
de um instante
tu e eu
em desequilíbrio
na infame
consistência
de um absoluto
obstáculo.









Ana Marques Gastão






















fur traders descending the missouri
george bingham











24 outubro 2013








“Lost in the desert, the interior designer quickly went insane”





Roger McGough













serão muito provavelmente "o" arquétipo da banda rock.
imortais & icónicos, os led zeppelin são responsáveis por algumas
das canções da minha vida. esta é definitivamente uma delas.



 
Hey Lady, you got the love I need,
May Be, more than enough.
Oh, Darlin', Darlin', Darlin', walk a while with me,
Oh, you got so much, so much, so much.

Many have I loved, and many times been bitten,
many times I've gazed along the open road.
Many times I've lied and many times I've listened,
many times I've wondered how much there is to know.

Many dreams come true and some have silver linings
I live for my dream and a pocketful of gold.
Mellow is the man who knows what he's been missin',
many many men can't see my open road.

Many is a word that only leaves you guessin',
Guessin' 'bout a thing you really ought to know.
You really ought to know.
I really ought to know.






23 outubro 2013







há colares que são coleiras






há colares que são coleiras
há mulheres que são cadelas
certos homens, cães raivosos

os cães propriamente ditos

não foram para aqui chamados
embora metam o nariz em todo o lado
farejando coisas imaginárias
e, de resto, não falam, ladram
têm com certeza razão









Bénédicte Houart





















[ largo do barão de quintela ]









22 outubro 2013









fábula  adiada







por vezes ocorre-me que falta uma palavra para não te dizer tudo
nunca escrevi a âncora que prende o desejo ao teu cais de pedra
e deixei de ler na tua pele aquelas frases nuas que tudo nos diziam


alguma vez sentiste que há um caminho entre as mãos e o coração
que o sangue e as lágrimas deixam sobre nós um perfume de flores
e que nem sempre estas letras se soltam das palavras como pétalas?


um dia beijo-te a meio de uma frase, mas ainda não é hoje esse dia
um dia deixo de escrever cartas de marear sobre este mar só nosso
e depois vou fechar-me nos teus olhos, abertos e fechados em mim