Se o vires,
diz-lhe que o tempo dele não passou;
que me sento
na cama, distraída, a dobar demoras
e, sem
querer, talvez embarace as linhas entre nós.
Mas que,
mesmo perdendo o fio da meada por
causa dos
outros laços que não desfaço, sei que o
amor dá
sempre o novelo melhor da sua mão. Se
o
encontrares, diz-lhe que o tempo dele não passou;
que só me
atraso outra vez, e ele sabe que me atraso
sempre, mas
não demais; e que os invernos que ele
não gosta de
contar, mas assim mesmo conta que nos
separam,
escondem a minha nuca na gola do casaco,
mas só para
guardar os beijos que me deu. Se o vires,
diz-lhe que
o tempo dele não passa, fica sempre.
Maria do Rosário
Pedreira
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