17 outubro 2012










Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas


Não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio


Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação


Não posso adiar o coração







 


António Ramos Rosa









[ parabéns antónio, pelos teus oitenta e oito anos de vidapoema ]


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