31 janeiro 2025

 
 



leituras  de  janeiro


















:: notas :: 


  

manual de instruções para a morte

séneca

ed. v. s. editor

 

abrir o ano com as reflexões de lúcio aneu séneca, um estóico que nos ensinou que a morte é apenas uma parte da vida e que a devemos abraçar serenamente após uma vida plenamente vivida. excelente recolha de trechos das “cartas a lucílio” e das “consolações”, subordinados à ideia de que a inevitável morte apenas nos diz que devemos viver bem e não muito.

 


the shapeless unease

samantha harvey

ed. vintage

 

muito mais do que o diário de uma insónia prolongada...

 


los nombres que te he dado

josé mateos

ed. vandalia

 

cada vez gosto mais de poetas que o são sem o serem, que o mostram sem o quererem. este é um deles, e esta recolha da sua poesia ao longo dos últimos 40 anos valida a primeira frase. mateos é um daqueles que sabe que a linguagem nunca é suficiente para dizer o que sentem, e o que quer confessar jamais poderá ser dito com palavras. e que por isso escreve.

 


the collected stories of… (volume two)

philip k. dick

ed. gollancz

 

segundo capítulo de uma maratona distópica...

 





11 janeiro 2025

 


 

Estes poemas, disse ela

 

 

 

Estes poemas, estes poemas,

estes poemas, disse ela, são poemas
sem amor neles. Estes são os poemas de um homem

que abandonaria mulher e filho porque

faziam barulho no escritório. Estes são os poemas

de um homem que assassinaria a sua mãe para reclamar

a herança. Estes são os poemas de um homem

como Platão, disse ela, significando algo que eu não

compreendi mas que mesmo assim

me ofendeu. Estes são os poemas de um homem

que preferiria dormir consigo do que com mulheres,

disse ela. Estes são os poemas de um homem

com olhos como canivetes, mãos como as mãos de um

carteirista, poemas tecidos de água e lógica

e fome, sem nenhum fio de amor neles. Estes poemas

são tão cruéis quanto o canto dos pássaros, tão sem sentido

quanto folhas de olmo, os quais, se amarem, amam apenas

o amplo céu azul e o ar e a ideia

das folhas de olmo. O amor próprio é um fim, disse ela,

e não um princípio. Amar significa o amor

da coisa cantada, não da canção ou do canto.

Estes poemas, disse ela... Tu és, disse ele,

bela. Isso não é amor, disse ela com razão.

 

 

 



Robert Bringhurst