the heart of man
jon kalman stefánsson
ed. maclehose press
terceiro e último acto deste romance passado há cem anos numa islândia remota. o rapaz (o seu nome nunca é pronunciado) e o carteiro chegam a uma estranha povoação, ali surge um novo amor, cartas são escritas, segredos revelados e tudo se encaminha para um final que para mim não constituiu uma surpresa. e stefánsson mantém a simplicidade na narrativa mas uma grande beleza poética na expressão das emoções. um belo e trágico final para esta saga moderna.
the cambridge centennary ulysses
james joyce
ed. cambridge univ. press
um must para qualquer argonauta do bloomsday, esta edição comemorativa do centenário do original com a chancela da parisiense shakespeare & co. segue-se o facsimile de 1922, com ensaios e anotações em cada capítulo, num enorme volume de capa dura, de mil páginas e mil e uma aventuras.
dar a cara
larry brown
ed. cutelo
os contos de brown têm um denominador comum: personagens em situações emocionais extremas. são histórias curtas apresentadas com realismo cru e alguma violência, por vezes inesperada ou chocante. frequentemente comparado a outros escritores “sulistas” (cormac mccarthy, harry crews, entre outros), a sua voz tem algo de único e esta colectânea é uma boa amostra.
o capote
nicolau gogol
ed. publicações europa-américa
não sou muito de andar à procura de edições antigas, vasculhando alfarrabistas em demandas insanas. porém há anos que procurava este livrinho, editado no final de 1953 e coincidindo com a estreia nacional da adaptação cinematográfica assinada por alberto lattuada - e com o bónus da inclusão de diversos fotogramas retirados do filme. esta novela curta é uma das obras-primas da literatura russa e, como disse um dia dostoievsky (referindo-se a si próprio e a tolstoi): vimos todos do capote de gogol.
monsieur teste
paul valéry
ed. allia
releitura rápida do testemunho de um anti-herói, que soube aproveitar o seu tempo não procurando ser bem sucedido. depois, há sempre aquela frase: “achar não é nada, o difícil é somar a si o que se encontra”... e como resisitir à capa desta edição?
the world’s most beautiful libraries
massimo listri
ed. taschen
reedição (menor formarto, “para pobres como eu”) de um dos mais belos livros visuais sobre bibliotecas. há duas portuguesas (óbvias) mas na referência a praga falta a superlativa klementinum.
1913
florian illies
ed. clerkenwell press
franz kafka está apaixonado pela ideia de estar apaixonado e escreve cartas de amor a felice bauer, louis armstrong foi castigado mas recebe um trompete na casa de correcção, sigmund freud (e os seus) zanga-se definitivamente com carl jung (e os dele), charlie chaplin assina o seu primeiro contrato com um estúdio de cinema, marcel proust inicia a sua demanda escrita à procura de um tempo perdido, um pintor de aguarelas chamado adolf hitler tenta vender os seus trabalhos pelas ruas de viena, rainer maria rilke passeia pela europa e escreve, igor stravinsky estreia em paris a sua sagração da primavera, um bailado coreografado por nijinsky, perante um público dividido entre apupos e aplausos (na plateia encontram-se jean cocteau e uma jovem costureira, coco chanel, que virá a ser amante do compositor)... e tudo isto se passa durante 1913, o ano anterior à morte de uma era.
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