15 maio 2023

 

 

 

 

Dentes  podres  em  Lisboa


 

 

 

O poeta medíocre

encheu os pulmões

de ar maligno
e disse para as paredes

que como sempre

o cercavam:

“chega de poemas de amor”.

 

Não demorou a perceber,

o poeta medíocre,

que sem poemas de amor

ele não existia sequer

- ou era ainda,

na melhor das hipóteses,

mais medíocre

do que se acostumara a ser.

 

As palavras afluíram-lhe então

como um vómito frio e cansado,

dentes podres de uma musa

“que já foi com todos”

e com ele também.

 

 

 



Manuel de Freitas

 





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