Dentes podres em Lisboa
O poeta medíocre
encheu os pulmões
de ar maligno
e disse para as paredes
que como sempre
o cercavam:
“chega de poemas de amor”.
Não demorou a perceber,
o poeta medíocre,
que sem poemas de amor
ele não existia sequer
- ou era ainda,
na melhor das hipóteses,
mais medíocre
do que se acostumara a ser.
As palavras afluíram-lhe então
como um vómito frio e cansado,
dentes podres de uma musa
“que já foi com todos”
e com ele também.
Manuel de Freitas
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