leitura
a leitura induz o mais pejorativo
solipsismo, de sermos os únicos
teólogos da nossa crença numa
biblioteca viva de que fomos os
criadores, magos infalíveis nessa
fantasia de inevitável extensão e
puro espelho do absurdo de ser.
com a leitura combato o olvido
de não ser quem talvez pudesse
ou até de ser quem nunca fui, e
todos os livros me confessam o
mesmo: tudo aquilo que nunca
tiveste te é oferecido para logo
ser perdido, pois ler é esquecer.
na leitura sou o eu próprio e um
eu outro também, e ambos nos
sabemos leitores recíprocos. não
heróis imortais, apenas vagos e
laboriosos artesãos de um lema:
jamais amnésia e esquecimento
mas sim memória e recordação.
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