09 agosto 2022

 



  

Canina

 

 

 

 

Outra criatura se recorta nos meus gestos.

Outra que a devassa
a natureza, a melancólica prática da carne

acesa em lanhos vivos,

beiços, o mínimo arroubo de dentes

no escuro. Outra criatura pousa.
Come e dorme com regalo,
pela tarde beberica
esparsas brisas no caramanchão.
Odeia uns quantos, ladra muito.
Também ama, se entre o medo
um soldado lhe desarticula a alma,
e sente-lhes o cheiro quando à terra
chegam ossos de indigesto esplendor.

 

 

 



Andreia C. Faria

 






Sem comentários:

Enviar um comentário

cartografe aqui: