Canina
Outra criatura se recorta nos meus gestos.
Outra que a devassa
a natureza, a melancólica prática da carne
acesa em lanhos vivos,
beiços, o mínimo arroubo de dentes
no escuro. Outra criatura pousa.
Come e dorme com regalo,
pela tarde beberica
esparsas brisas no caramanchão.
Odeia uns quantos, ladra muito.
Também ama, se entre o medo
um soldado lhe desarticula a alma,
e sente-lhes o cheiro quando à terra
chegam ossos de indigesto esplendor.
Andreia C. Faria
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