30 junho 2022

 




leituras  de  junho






 


    


  


  


  




:: notas ::

 

 

 

the woman in the purple skirt

natsuko imamura

ed. penguin

 

começa por parecer o relato de uma perseguição: a mulher do cardigan amarelo que observa a mulher de saia roxa sentada no banco do jardim, sempre o mesmo, e a segue por todo o lado. pela observação persistente e com alguma imaginação a primeira consegue que a segunda consiga trabalho no mesmo local, uma empresa que limpa quartos de hotel. o objectivo? aparentemente a mulher do cardigan amarelo desenvolveu uma fixação e ambiciona tornar-se amiga da mulher de saia roxa. esta parece uma inadaptada com dificuldades no relacionamento mas, pouco tempo depois, ocorre uma transformação no emprego. e começa a correr o boato de que a mulher de saia roxa se tornou íntima do director do hotel... muito mais do que a narrativa do que podem ser uma solidão e obsessão voyeurística, lê-se nas entrelinhas o crescendo de uma estranha dependência psicológica que termina de um modo afinal inesperado.

 

 

frozen in time

owen beattie + john geiger

ed. greystone books

 

relato electrizante do que foi a expedição franklin em demanda da ansiada passagem noroeste (ligando o atlântico ao pacífico pelo norte do canandá), da tragédia anunciada sem que dela se soubesse e do que foram as infrutíferas tentativas de busca e resgate até à descoberta de algumas campas e culminando, já na última década, com a descoberta dos dois navios (o erebus e o terror) naufragados.

 

 

muse

ruth millington

ed. square peg

 

que a musa é irregular já nos tinha advertido o assis pacheco, e que é ingrata sabem-no todos os que tentam escrever. mas o que é a musa? um outro nome para a fonte de inspiração criativa ou tem mesmo existência corpórea? neste caso, quem era a rapariga com brinco de pérola no quadro de vermeer? se pensarmos em nomes como francis bacon e diego velázquez as perguntas são infinitas - mas este livro dá-nos algumas pistas, contando a história de várias delas (dora maar para picasso, emilie flöge para klimt, gala para dalí), não esquecendo que por vezes o artista é a sua própria musa (frida kahlo, artemisia gentileschi, por exemplo) e que esta frequentemente é apenas movimento e mensagem (elizabeth siddall, andy warhol, luisa casati e tantos outros).

 

 

all the lovers in the night

mieko kawakami

ed. picador

 

fuyuko, tímida e introvertida, tem trinta e tal anos e vive sozinha. freelancer, trabalha como revisora de textos para um grupo editorial. raramente sai de casa para passear e, quando o faz, é na noite do dia do seu aniversário, para admirar as luzes. há algo de mágico nelas e quando, por um acaso, encontra um homem mais velho, que lhe diz ser professor de física, estabelece-se um contacto, feito de conversas espaçadas no tempo sobre a natureza e características da luz, até que... ninguém sabe contar uma história nas entrelinhas como mieko kawakami, magistral no retrato dos pensamentos inerentes à solidão na sociedade urbana actual.

 

 

the japanese myths

joshua frydman

ed. thames & hudson

 

quem tem lido alguma literatura japonesa (clássica e moderna) depara-se frequentemente com citações a mitos, referências a deuses e analogias heróicas que remetem para as mais antigas crenças e tradições do japão. para quem quer saber tudo sobre a mitologia nipónica (tão diferente da greco-romana e nórdica e, contudo, tão semelhante nalguns aspectos) este livro é um achado. fica-se a conhecer melhor o kojiki e o nihonshoki, os dois livros fundadores, e as lendas sobre amaterasu, o primeiro deus, os seus descendentes izanagi e izanami, progenitores de filhas que vieram a ser as quatro ilhas do arquipélago, os mitos associados a jinmu, primeiro imperador e o responsável pela transição para o mundo dos homens, e muitas outras lendas e espíritos populares que, sempre enquadrados pelo budismo e o xintoísmo, chegaram até aos nossos dias.







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