a morte da palavra
tal como certas palavras que nunca ouvimos antes
de alguém as pronunciar de modo certo, também
há poemas a que se chega necessariamente tarde.
por vezes tão tarde que os seus versos se tornaram
folhas secas caídas no chão frio do esquecimento
ou flores mortas no mármore inerte das campas.
o meu mal é juntar palavras sobre o papel e julgar
que ali, escondidos entre linhas de letras, poderão
estar poemas inauditos. e o pior é que olhar para
as palavras escritas fere, talvez mortalmente, a sua
escrita. a morte da palavra mata sempre a palavra.
( a morte não tem qualquer importância, como se
sabe, mas importa muito a palavra que a nomeia )
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