27 agosto 2021




 

 

É  pouco  o  que  te  der

 

 

 

 

É pouco o que te der. É sempre pouco.
Há sempre uma palavra, há sempre um gesto,

há sempre um nome em falta. Há sempre o resto.

Por isso o que te der é sempre pouco.

 

Às vezes imagino que o teu nome

é feito dos silêncios da floresta.

Às vezes adormeço: é sempre o que me resta

nos dias em que o mar traz o teu nome.

 

Assim pudesse dar-te o que é do mundo:

navios, uma estrela, nebulosas

planetárias. Ou transformar em rosas

a luz das supernovas que há no mundo.

 

Assim pudesse dar-te a vida toda

e mais ainda. O resto que se foda.





José Carlos Barros

 






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