30 maio 2021






leituras  de  maio






 


 


 


  


 


 






:: notas ::


the collected tales 

nikolai gogol

ed. everyman's library

 

conhecia os contos de são petersburgo mas apenas alguns dos contos `ucranianos´. esta edição completa a lacuna, no que me parece ser uma boa tradução a partir do russo. "todos saímos do capote de gogol", dizia fiódor mikhailovitch - e ele lá sabia porquê.


 

 

there's no such thing as an easy job

kikuko tsumura

ed. bloomsbury

 

uma mulher entra numa agência de emprego e pede um emprego que não exija ler ou escrever e, idealmente, pensar. encontram-lhe um lugar numa agência de vigilância, onde tem de visionar gravações de câmaras que seguem um suspeito de contrabando. porém, observar alguém durante horas a fio não é um trabalho tão fácil quanto parece... à medida que vai mudando de emprego temporário (nunca permanece para além do período experimental - e quase sempre por decisão sua) acaba por escrever anúncios publicitários para autocarros, conceber curiosidades para serem impressas em embalagens de bolachas, colocar posters e cartazes e até ser vigilante numa cabana esquecida no meio de um parque florestal. no final - num grande retrato do que é hoje o emprego, não apenas num japão em mudança acelerada, mas nas sociedades desenvolvidas - intuímos que quem procura um emprego fácil está na verdade numa busca com outro significado. novela-maravilha para os tempos que correm.

 








23 maio 2021

18 maio 2021

14 maio 2021

 


 

 

A  boa  educação

 



 

No verão em que ela fez sete anos
ofereceram-lhe um estojo de madeira

com um lápis e uma borracha.

 

O lápis, para que pudesse roer a mina

até encontrar o nervo vago

da palavra.

 

A borracha, para apagar a palavra

antes de a dizer.

 

 


 


Gemma Gorga


(tradução imperfeita minha)


 

 




11 maio 2021

 




por vezes recordo-o, sem saber bem porquê.
depois ponho-me a ouvir aquelas suas canções
todas e parece-me ser a primeira vez que as ouço.












03 maio 2021

 


 
vinte  e  duas  letras
 
 
 

sinto uma atracção irresistível e sinceramente inexplicável
por palavras grandes, sobretudo aquelas que ostentam com
orgulho e vaidade vinte e duas letras. creio ter esta empatia
sido iniciada ainda na infância e associo-a ao meu primeiro
encontro, constatada a necessidade de uma cirurgia, com o
otorrinolaringologista. que palavra, pensei, e pus-me logo a
contar-lhe as letras. desde então, do anticonstitucionalismo
à compartimentalização, qualquer membro do clube vinte e
dois, como o passei a designar, exerce sobre mim o fascínio
inegável que associamos a momentos de pura magia. como
seria de esperar, a medicina é a fornecedora por excelência,
a começar pelo famoso esternocleidomastoideu, passando
pela letal meningoencefalomielite até chegar à sindrómica
acrocefalossindactilia, entre diversas multidisciplinaridades
vãs que muitos julgarão interconfessionalmente supérfluas.