01 novembro 2020

 



No  atingir  a  idade  de  duzentos  anos

 

 


 

Quando acordei na manhã
do meu ducentésimo aniversário,

esperava ser consultado

por suplicantes,

tal como a Sibila em Cumae.

Poderia ter-lhes dito alguma coisa.

 

Ao invés, foi o habitual:

toranja seca ao pequeno-almoço,

Mozart toda a manhã, interrompido

pelas asas das abelhas,

e fazer amor com uma mulher

de cento e oitenta e um anos de idade.

 

Na minha festa de aniversário

apaguei duzentas velas

uma de cada vez, fazendo

uma sesta a cada vinte e cinco.

Depois, fui para a cama, às cinco e meia,

no dia do meu ducentésimo aniversário,

 

e adormeci e sonhei

com uma casa não maior que a de uma pulga

com duzentos quartos dentro dela,

e em cada um dos quartos uma cama,

e em cada uma das duzentas camas

eu a dormir.

  

 

 



Donald Hall




(tradução minha)

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