16 novembro 2020

 

 

 

 

 

A verdadeira mão que o poeta estende

não tem dedos:

é um gesto que se perde

no próprio acto de dar-se

 

 

O poeta desaparece

na verdade da sua ausência

dissolve-se no biombo da escrita

 

 

O poema é

a única

a verdadeira mão que o poeta estende

 

 

E quando o poema é bom

não te aperta a mão:

aperta-te a garganta

 

 

 

 

 

Ana Hatherly

 

 



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