07 outubro 2020

 


 

nova  fábula  de  adão  e  eva

 

 

 

 

após ter eliminado sindy, aquela estúpida como costumava

designá-la, barbie despiu o vestido e entrou nua no paraíso.

perto de um regato cristalino observou ken, igualmente sem

roupa, a preparar-se para mergulhar na límpida água fresca.

como te chamas, indagou, enrolando o cabelo no dedo, de

lábios entreabertos num sorriso malicioso. adão, respondeu.

ah, eu sou eva, e acrescentou, olha, não queres ir descansar à

sombra daquela nespereira, convidou. de mãos dadas a olhar

para o céu viram cair uma maçã. não pode ser, disse adão e

franziu o sobrolho. devia ser uma nêspera, não era, replicou

eva. além disso a maçã é de plástico, volveu adão, e aquela

serpente ali no ramo é de borracha. barbie, desmascarada,

ainda tentou convencê-lo a provar o fruto proibido. poderá

ser original, admitiu ken, seguro e inflexível, mas não creio

que assim possa ser considerado um pecado trincá-lo, nem

me parece falta suficiente para nos expulsarem daqui. então

ela propôs que se pendurassem na árvore como tarzan e jane

ou assaltassem bancos como bonnie e clyde, qualquer coisa

divertida que fizesse esquecer aquela paradisíaca monotonia.

 




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