21 julho 2019






Não  inventes




Não venhas cá com merdas. Não inventes. 
Não olhes nos meus olhos. Sai apenas. 
E poupa-me aos discursos eloquentes
e às farsas do adeus. Não faças cenas. 

Não digas que lamentas ou que a vida
às vezes é assim: que tudo esquece; 
que o mundo e o tempo curam qualquer ferida.
Repito, meu amor: desaparece. 

E leva o que quiseres de tudo quanto
um dia suspeitámos partilhar:
os livros, as esculturas em pau-santo,
os discos, os retratos, o bilhar. 

Não deixes endereços. Por favor:
eu quero é que te fodas, meu amor. 





José Carlos Barros






5 comentários:

  1. Jamais associaria este poema ao seu autor:)
    Julgo ser quem escreveu anos a fio um maravilhoso blogue intitulado "Casa de Cacela", certo?
    ~CC~

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    1. sinceramente não sei, não acompanhei esse blogue. este é autor do livro "o uso dos venenos",

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    2. Alô! (o que se descobre, redescobre aqui...): sim, o da Casa de Cacela. Um abraço.

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  2. Talvez devesse ser: Eu quero é que te fodas, meu estupor! :)

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