13 julho 2019





Flúor



Agradeço-te, mãe, o flúor 
que até aos seis anos tomei em comprimidos
Serve de herança a melhor dentição
Deste-me as falhas, também 
o carácter, mero utensílio
da sorte com que encarar os dias
o silvar nas frinchas
da fala
as dores
e o ranger da criação

Se pela bica começasse
a alma a abrir-se e por tal paisagem
divisasse eu primeiro
a oclusão do céu deixando
intacta na terra
a geração dos vivos
poderia (e tu pela raiz)
salvar-me antes mesmo
de aprender a ler




Andreia C.  Faria





2 comentários:

  1. Há dias, uma miúda com cerca de vinte anos, estava a beber café com uma palhinha. Os colegas estavam intrigados (e eu também;)). Ela disse que era para não manchar os dentes. Bom, chegar a esse ponto é obra! (Embora eu siga o "truque" de bochechar com água oxigenada depois de lavar os dentes; contribui para que se mantenham brancos. Não custa nada.)

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  2. com o anunciado fim das palhinhas vamos ter o triunfo das manchas! ;)

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