fábula da ilha dos amores
também de pouco serviu ter-me alimentado de
poesia, bebido os versos até me sentir inebriado,
procurar a aura mágica no espanto das palavras.
e, sem o querer ou ansiar, acabei por memorizar
inúmeros poemas, muitos sem saber até porquê,
saboreando sons, recitando-os de cor para mim.
reuni na memória um acervo tal que nenhuma
editora desdenharia transformar em colectânea,
talvez crente em que essas imagens poéticas dos
outros pudessem ilustrar as minhas, e desejando
convencer-me de que a leitura de paixões alheias
iria tornar ainda mais perfeita a que sentia por ti.
depois, quando partiste e me abandonaste nesta
ilha dos amores só nossa, tratei de esquecer essas
noventa e cinco estrofes em oitavas decassilábicas
que perfazem o canto nono de uma epopeia menor.
josé luís, que bonita esta fábula!
ResponderEliminar:*
ResponderEliminar;)
Eliminar