veia poética
a minha musa, se existe alguma que se interesse por aquilo
que escrevo, deve ser a mais reservada de todas as que há,
pensava eu quando era novo, porque durante muitos anos
jamais se dignou aparecer sem convite ou comparecer nos
raros momentos em que foi invocada. mas devo dizer que
um tempo houve em que a sua presença, apesar de fugaz,
se notou e foi nesses raros momentos que me apercebi de
quão dissimulada gostava de ser. a última vez que dei por
ela estava disfarçada de veia poética, um saliente fio azul
no meu antebraço. nunca mais me apareceu, razão pela
qual estou cada vez mais convencido de que foi furtada
e desde então nunca mais dei sangue, nem para análises.
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