[ a cossoul pediu-me um cartaz para sábado ]
[da nota ao leitor]
(...) porque
o que sabemos do tríptico é de facto muito pouco, 
além
da sua indesmentível assinatura: que em meados do séc. xvi fazia já parte da 
colecção
real portuguesa, embora certos estudos recentes apontem para uma entrada 
bem
mais tardia no acervo, sendo referido invariavelmente o nome de damião de góis 
como o responsável pela compra da obra; que d. fernando, esposo de d. maria ii,
 o mandou restaurar na alemanha; que
apenas foi exibido pela primeira vez em mil 
oitocentos e noventa e cinco; e que
há pouco mais de cem anos deixou de morar no 
inabitado palácio das
necessidades, vindo renascer naquela galeria às janelas verdes.
 e, para a minha história, muito mais não
era preciso saber. cedo desisti de alvitrar 
motivos
ditados pela lógica e fui delineando uma sequência de acontecimentos que, 
apenas
por não serem provadamente impossíveis, talvez pudessem ter ocorrido. e creio 
que o mesmo terão imaginado todos os que nos últimos quinhentos anos se
renderam 
ao fascínio
daqueles três painéis de madeira de carvalho pintados a óleo. porque, no 
fundo,
não interessa a época nem o local onde nasceram, uma vez que, afirma-o com 
notável precisão alberto ruiz de samaniego no seu prefácio a las tentaciones de lisboa, 
“entender-me-ão
aqueles que foram tentados”. e também porque, como nos sugere 
luis
maría marina na sua espécie de bússola infalível, orientada para a tentação das 
tentações, “cruza o portão de dois
batentes que se abre às janelas verdes. compra uma
entrada.
sobe os dois lances de escadas, quinze degraus de ida e quinze degraus de 
volta.
vira à direita. atravessa quatro salas (...) entra na sala número sessenta 
e um. vira
novamente à direita. respira. escuta com atenção como, 
a
partir de algum lugar oculto, um hidrógrafo marca 
um
ritmo regular. toma o seu pulso, a compasso 
com o
fluir do passado que não cessa, com 
o
tempo que se sucede eternamente 
nas tentações de lisboa. 
abre
os olhos.”

 
Tão lindo que está este seu cartaz, josé luís!
ResponderEliminarPode ser que quando for grande consiga fazer algo aproximado... Enquanto não chego lá, acho que tenho de fazer um desvio :)
Bonito cartaz. :)
ResponderEliminarobrigado ;)
Eliminarbetter than the poster would be the chance to be there e, finalmente, conhecer-te :)
ResponderEliminar________
vai correr tudo bem, estou certa e... parabéns, andas incansável e prolífico (vê-se mesmo que não aturas 300 & tal por dia :P)
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um abraço mui, mui amigo, josé luís, com beijinho :)*
correu tudo bem, obrigado.
Eliminarapareceu bastante gente, e penso que a minha apresentação não foi aborrecida... :)