26 outubro 2017







outra  fábula  de  palavras  cada  vez  mais  curtas





e assim ponho-me a escrever poemas inábeis sobre a incerteza da noite,
tentando deste modo encontrar a saída deste vasto e sofrido labirinto
dessas palavras de uma voz que procuro sem encontrar, quando me
apercebo de que apenas me apropriei de palavras alheias, numa
tentativa infrutífera de acreditar que de mim teriam nascido.
tento entretecê-las numa linguagem, que nunca poderia
ser a minha, e concretizar assim um grito de dédalo
sem asas, consciente de que o que escrevo mais
não é que uma replicação de uma fábula de
palavras cada vez mais curtas, incapazes
de comigo colaborarem quando lhes
peço, derrotado por estes muros
intransponíveis, para serem
a minha voz dentro da
ária muda que sei
jamais alguém
iria cantar
aqui.





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