mesinha de cabeceira
abandonada no passeio encontro
uma mesinha de cabeceira. silenciosa,
a madrugada observa-me a remexer
na pequena gaveta. lá dentro, uma
certidão de nascimento
autenticada, um certificado de habilitações, um
requerimento antigo em papel
selado, cópias de análises clínicas e até
o inevitável curriculum vitae.
alguém rejeitou os registos de uma vida.
e assim ponho-me a escrever
poemas inábeis sobre a incerteza da noite,
porque o teu rosto parece mais
nítido na ausência de luz, como acontece
com as estrelas já mortas, que
contra o céu escuro ainda vão brilhando,
cintilantes de promessas jamais
cumpridas. e só na manhã seguinte me
apercebo de que os documentos
não tinham o meu nome. nem o teu.
Que saudades destas fábulas... e esta é especialmente bonita.
ResponderEliminarBoa semana, josé luís!
:)
Eliminarboa semana