Tragam-me um homem que me levante com
os olhos
que em mim deposite o fim da tragédia
com a graça de um balão acabado de
encher
tragam-me um homem que venha em baldes,
solto e líquido para se misturar em mim
com a fé nupcial de rapaz prometido a
despir-se
leve, leve, um principiante de
pássaro
tragam-me um homem que me ame em
círculos
que me ame em medos, que me ame em risos
que me ame em autocarros de roda no
precipício
e me devolva as olheiras em gratidão
de
estarmos vivos
um homem homem, um homem criança
um homem mulher
um homem florido de noites nos cabelos
um homem aquático em lume e inteiro
um homem casa, um homem inverno
um homem com boca de crepúsculo
inclinado
de coração prefácio à espera de ser
escrito
tragam-me um homem que me queira em mim
que eu erga em hemisférios e espalhe e
cante
um homem mundo onde me possa perder
e que dedo a dedo me tire as farpas dos
olhos
atirando-me à ilusão de sermos
duas
novíssimas nuvens em pé.
Cláudia R. Sampaio
Por causa do "homem que me levante com os olhos" (bonito!), fiquei a pensar que as nossas pessoas são as que têm condições para fazer isso connosco.
ResponderEliminarBoa tarde, josé luís! Com sol aqui :)
boa tarde. sol aqui também ;)
Eliminarufa.
ResponderEliminarque bonito.
ondes descobres estas coisas, José Luís?
em livros ;) neste caso, "ver no escuro", ed. tinta-da-china
EliminarQue maravilha o poema da Cláudia, vou procurar o livro...
ResponderEliminar~CC~
;)
Eliminar(outro aqui: http://novascartasdemarear.blogspot.pt/2016/07/morro-todos-os-dias-especialmente.html)