Um campo batido
pela brisa
A tua nudez
inquieta-me.
Há dias em que
a tua nudez
é como um barco
subitamente entrado pela barra.
Como um
temporal. Ou como
certas palavras
ainda não inventadas,
certas posições
na guitarra
que o tocador
não conhecia.
A tua nudez
inquieta-me. Abre o meu corpo
para um lado
misterioso e frágil.
Distende o meu
corpo. Depois encurta-o e tira-lhe
contorno, peso.
Destrói o meu corpo.
A tua nudez é
uma violência
suave, um campo
batido pela brisa
no mês de
Janeiro quando sobem as flores
pelo ventre da
terra fecundada.
Eu desgraço-me,
escrevo, faço coisas
com o
vocabulário da tua nudez.
Tenho «um
pensamento despido»;
maturação;
altas combustões.
De mão dada
contigo entro por mim dentro
como em outros
tempos na piscina
os leprosos
cheios de esperança.
E às vezes
sucede que a tua nudez é um foguete
que lanço com
mão tremente desastrada
para rebentar e
encher a minha carne
de
transparência.
Sete dias ao
longo da semana,
trinta dias
enquanto dura um mês
eu ando
corajoso e sem disfarce,
ilumindo,
certo, harmonioso.
E outras vezes
sucede que estou: inquieto.
Frágil.
Violentado.
Para que eu me
construa de novo
a tua nudez
bascula-me os alicerces.
Fernando Assis
Pacheco
Tão bom!
ResponderEliminarAcho que para a semana também lhe roubo este. ;)
Bom domingo, josé luís!
ladrão que rouba ladrão… ;)
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