Paris
Quando vi o
mar nas janelas, achei que podia alterar
o meu
itinerário. Ao descer para a praia
já era quase
escuro, havia um casal de aspecto aborrecido
sentado nas
dunas. Não estava à espera de nenhuma revelação
mas as ondas
recurvavam com fastio e eu regressei ao molhe
onde todas
as famílias eram negligentes
e estavam em
férias.
O coreto
tinha sido assaltado
por jovens
excursionistas no engate, velhos em calções
falavam nas
cervejarias a coçar os joelhos, riam com estridência
para dentro
dos copos. O verão ia no seu segundo dia
e parecia
ter-se desdobrado no céu da Gasconha
como um
lençol gasto. Não saberei nunca
se havia uma
história à minha espera na Gare du Nord essa noite.
Rui Pires
Cabral
Quando se vê o mar, quando alguém vê o mar e consegue senti-lo, os itinerários reduzem-se a manchas que salpicaram a memória.
ResponderEliminarnem mais ;)
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