Soneto da
separação
De repente
do riso fez-se o pranto
Silencioso
e branco como a bruma
E das bocas
unidas fez-se a espuma
E das mãos
espalmadas fez-se o espanto
De repente
da calma fez-se o vento
Que dos
olhos desfez a última chama
E da paixão
fez-se o pressentimento
E do
momento imóvel fez-se o drama
De repente,
não mais que de repente
Fez-se de
triste o que se fez amante
E de
sozinho o que se fez contente
Fez-se do
amigo próximo o distante
Fez-se da
vida uma aventura errante
De repente,
não mais que de repente
Vinicius de
Moraes
No dia em que fiz meio século ofereceram-me o cd "Tom canta Vinicius - Ao vivo", o qual abre com este soneto. Enquanto objecto, o disco também é muito bonito.
ResponderEliminarMal li aqui o soneto, recordei-me das palavras que na altura me disseram: "Toma... É mesmo a tua cara." Lembro-me sempre disto quando olho para o cd e gostei que agora me levasse a recordá-lo.
;)
ResponderEliminarAi que este soneto bate tão forte!!
ResponderEliminar;)
Eliminar