Fala-se de
amor para falar de muitas
coisas que
entretanto nos sucedem.
Para falar
do tempo, para falar do mundo
usamos o
vocabulário preciso
que nos dá
o amor.
Eu amo-te.
Quer dizer: eu conheço melhor
as estradas
que servem o meu território.
Quer dizer:
eu estou mais acordado,
não me
enredo nas silvas, não me enredo,
não me
prendo nos cardos, não me prendo.
Quer também
dizer: amar-te-ei
cada dia
mais, estarei cada dia
mais
acordado.
Porque este amor não pára.
E para
falar da morte; da enorme
definitiva
irremediável morte,
do carro
tombado na valeta
sacudindo
uma última vez (fragilidade)
as rodas
acendedoras de caminhos
- eu
lembraria que o amor nos dá
uma forma
difícil de coragem,
uma
difícil, inteira possessão
de nós
próprios, quando aveludada
a morte
surge e nos reclama.
Porque eu
amo-te, quer dizer, eu estou atento
às coisas
regulares e irregulares do mundo.
Ou também:
eu envio o amor
sob a forma
de muitos olhos e ouvidos
a explorar,
a conhecer o mundo.
Porque eu
amo-te, isto é, eu dou cabo
da
escuridão do mundo.
Porque tudo
se escreve com a tua letra.
Fernando
Assis Pacheco
Não conhecia este poema. É maravilhoso JL :)
ResponderEliminarUm beijo
;)
Eliminarhá muito tempo que não te assalto. hoje é o dia ...
ResponderEliminar;)
EliminarQue poema tão lindo, josé luís!
ResponderEliminarO que perdi por não ter podido navegar por estes águas;)
;)
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