Louvor do lixo
para a Amra
Alirejsovic
(quem não
viu Sevilha não viu maravilha)
É preciso
desentropiar
a casa
todos os
dias
para adiar o
Kaos
a poetisa é
a mulher-a-dias
arruma o
poema
como arruma
a casa
que o
terramoto ameaça
a entropia
de cada dia
nos dai hoje
o pó e o
amor
como o poema
são feitos
no dia a dia
o pão
come-se
ou deita-se
fora
embrulhado
(uma pomba
pode visitar
o lixo)
o poema
desentropia
o pó
deposita-se no poema
o poema
cantava o amor
graças ao
amor
e ao poema
o puzzle que
eu era
resolveu-se
mas é
preciso agradecer o pó
o pó que
torna o livro
ilegível
como o tigre
o amor não
se gasta
os livros
sim
a mesa cai
à passagem
do cão
e o puzzle
fica por fazer
no chão
Adília Lopes
Gostei de apanhar este kaos para me esquecer do verdadeiro caos;)
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