24 abril 2015





Eu não quero mudar o mundo.
Não tenho tempo para isso.
Quem quer mudar o lugar do mundo actua
como quem muda o lugar de um móvel:
empurra primeiro para um lado,
foi força demais,
empurra então para o outro lado,
agora com força de menos,
depois mais um pequeno toque para lá
e um ainda mais pequeno toque para lá,
e agora sim:
o móvel está no lugar.
Depois abrimos o móvel e vemos que os copos que estavam
lá dentro se encontram todos partidos. Estão a ver?

Os copos todos partidos. Que aborrecimento.
Não nos lembrámos da fragilidade do vidro.





Gonçalo M. Tavares





2 comentários:

  1. É por isso, para não partir a loiça, que evito as arrumações de fundo;)
    Mais um sábio poema do Gonçalo M. Tavares.

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