Carta de
Amor
(A Eugénio
de Andrade)
Um dia
destes
vou-te matar
Uma manhã
qualquer em que estejas (como de costume)
a medir o
tesão das flores
ali no
jardim de S. Lázaro
um tiro de
pistola e...
Não te vou
dar tempo sequer de me fixares o rosto
Podes
invocar Safo, Cavafy ou S. João da Cruz
todos os
poetas celestiais
que ninguém
te virá acudir
Comprometidos
definitivamente os teus planos de eternidade
Adeus pois
mares de Setembro e dunas de Fão
Um dia
destes vou-te matar...
Uma certeira
bala de pólen
mesmo sobre
o coração
Jorge Sousa Braga
: )
ResponderEliminar:
Eliminarsabia
que haveria
uma flor que gostaria
;)
"Um dia destes vou-te matar...
ResponderEliminarUma certeira bala de pólen
mesmo sobre o coração"
já disse algo semelhante:
um dia destes vou-te matar
era capaz de entrar por ti adentro
para te matar em mim...
depois pensei melhor:
seriamos então um, disse. :-)
;)
EliminarÉ um poema que fica assim entre o sério adocicado e a ironia...
ResponderEliminarE ainda dizem que já não se escrevem cartas de amor!
claro que escrevem... ;)
Eliminarhttp://novascartasdemarear.blogspot.pt/2012/05/nao-me-leve-mal-longe-de-mim-querer.html
Qualquer coisa me lembrou o poema de Raquel Nobre Guerra (do qual, deixo apenas um pequenino excerto):
ResponderEliminar«Namorar à distância com a forma perfeita de tudo: eis tudo!
Namorar nu à vista das coisas, entrar-lhes, destapá-las subir-lhes pelos pés
das camas, aos destelhados mais que tudo substantivando!
Ah poder sonhar-me a sós com a idade de domar tigres e leões!
E ter um ralo especial como bueiro para onde escoasse como cimento
esta grande obscenidade!
E Deus na unidade dos queimados do Esfinge Gorda!
E o leviatânico reverso exortando os fiéis com sucesso!
E as garrafas bebidas e o Pai Nosso Também!
E tudo acima a transcender e o transcendente ámen!
E as semanas santas como bolos frescos em montras triplamente iluminadas!
E a dormição da Virgem como restos de hóstia na minha língua:
um pão branco sem miolo e na côdea inteira a alma grega da festa!»
;)
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