22 março 2015






maravilhar-te as insónias
com o paciente crepúsculo da idade
acordar fora do corpo esquecer o olhar
sobre o pêlo ruivo dos animais beber
o fulgor das estrelas no esplendor da alba
nomear-te
para recomeçarmos juntos a vida toda

ensinar-te o segredo dos alquímicos minerais
acender-te um pouco de culpa
na imatura paisagem do coração

eis a travessia que te proponho
amanhecer sem querermos possuir o mundo
e no orvalho da noite saciar o desejo adiado
respirar a música inaudível das galáxias
sentir o tremeluzir da água no medo da boca

o amor
deve ser esta perseguição de sombras
esta cabeça de mármore decepada
ou este deserto
onde o receio de te perder permanece oculto
na sujidade antiga dos dias







Al Berto






5 comentários:

  1. Maravilhoso, josé luís. Eu, que não aprendi ainda a ler poesia, gostei muito.
    Bom domingo. :-)

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    1. bom domingo, susana ;)

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    2. Só "lê" poesia, quem a quer escrutinar, analisar, tantas vezes, magoando-a, Susana. A poesia é sentimento, sentem-se as palavras, como quem nos beija, como um filho que nos abraça, como um murro no estômago. A poesia é sensação, frio, calor, amor; é dor, é primeiro olhar, respirar. Poesia é sangue.

      Abraço aos dois.

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  2. e é uma travessia tão bonita que ele lhe propõe!

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