17 março 2015







fábula  do  mapa  do  amor






esculpe-se na areia a palavra nós e olhando a água no teu convés adormeço


no meu sonho ensinas-me a ler as estrelas e reconhecer o contorno da costa
soletro mal mas tu traduzes-me as ténues inscrições nos velhos pergaminhos
e eu faço de conta que velejo só contigo por mares nunca dantes navegados
nem sempre o vento desvia dos súbitos rochedos esta nossa caravela à deriva
mas as tuas cartas prometem-me uma viagem serena até um porto de abrigo
nelas consigo decifrar um rigoroso atlas para os argonautas dos sentimentos


do meu sonho por fim desperto sei-me a promessa de naufrágio deste veleiro
e é num mar revolto que me apercebo de que faltam linhas no mapa do amor








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