Espaços em branco
Ao
fim da noite, no frio do táxi, pousas
a
cabeça no meu ombro - e assim entramos
duma
vez e inteiramente na nossa vida.
Lá
fora, pelo contrário, tudo perde realidade;
há
em toda a parte um sossego abstracto,
as
ruas parecem pintadas - betão entre
as
árvores - numa tela baça. Vamos por lugares
que
não reconheço, a minha geografia é vaga
e
omissa como a dos velhos cartógrafos
que
desenhavam um mundo cheio de espaços
em
branco. É onde estamos agora, num
intervalo
do mapa rente à primeira manhã -
que
será a nossa e também a última.
Rui
Pires Cabral
Este poema é tão bonito, José Luís!
ResponderEliminartambém achei…
EliminarOh... ia tão bem e depois acaba em... última?
ResponderEliminartalvez seja só a última daquele dia... ;)
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