fábula do naufrágio
das palavras
é no fundo do mar que encontramos as palavras perdidas
tentamos procurá-las, frágeis, nem sempre as descobrimos
nunca nos são fáceis, mesmo quando as julgamos nossas
não lutamos por elas nem contra elas (nunca
ganharíamos...)
mas olhamos a página em branco e sabemos como fazer
juntamos uma letra
aqui, outra ali, uma palavra após outra
e assustamo-nos por
pensar que de nós nasceu um poema
a verdade é que assim que nasceram deixaram de ser nossas
as palavras escreveram-se em cais tristes de navios
imóveis
subiram a mastros, olharam o horizonte, desfraldaram
velas
e navegaram para além dos nossos pequenos mares fechados
esculpiram-se nas
antigas lendas de névoas e ilhas encantadas
foram cantadas por
sereias temidas e ansiadas por navegantes
e um dia
esqueceram-se de quem eram e por fim naufragaram
depois, é no fundo do mar que encontramos as palavras
perdidas
Ando a precisar de mergulhar mais fundo :)
ResponderEliminaré lindo :)
;)
EliminarParece que é sempre assim: mal nascem, as palavras deixam de nos pertencer.
ResponderEliminarBonita fábula, José Luís!
(Já viu como o seu mar tem coisas tão estranhas, quanto maravilhosas?;)
;)
EliminarÉ como saltitar numa corda esticada por cima de um rio.
ResponderEliminarQuando é que o menino publica? ;)
quando aprender, M., quando aprender a escrever… ;)
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