fábula das palavras
submersas
submersa a minha
voz não pode mais querer cantar palavras náufragas
o peso das águas
tornou-a rouca e emudeceu-a presa ao fundo do mar
submersa a ideia
de escrever poemas com o fulgor de um canto náutico
letras e frases
que no papel içavam âncora e desfraldavam todas as velas
submersa
a busca dessa tua palavra de doces pétalas infinitas e circulares
mais bela que a
flor afagada pela rosa dos ventos que agora uivam mudos
e se a escrita
mais não fosse que o prolongar de um olvido em silêncio
se as palavras
não quisessem mais ser pronunciadas pelo eco das vozes
e pedissem para
ser escritas pelas mãos dos que as irão decerto esquecer?
saberão elas que
nem sempre sei o que escrevo nem escrevo o que sei
e que a sua canção
começa numa folha em branco e segue as gaivotas
até à foz de um
rio de águas imóveis que não nasce nem pode desaguar?
vou roubar para a minha tasca. gostei tanto. tanto quanto as sinto como minhas sem ser a sua autora. :)
ResponderEliminar;)
EliminarConfesso que li várias vezes. Mas por bons motivos. Acho;)
ResponderEliminarE fiquei a pensar muito nisto que já anda há algum tempo a atacar os meus neurónios:
- Será que quem escreve sem ser por obrigação o faz mais com o propósito de segurar as palavras que ficaram no silêncio por não as conseguir pronunciar, ou se é para eternizar algo que disse e que considera importante até pelo respeito que tem a quem as dirigiu?
Mas, olhe, que gosto mesmo muito desta sua fábula, talvez uma das melhores (já é difícil avaliar!) e acho que combina muito bem com aquele quadro que estou prestes a roubar;)
;)
EliminarEscrever porque sim. Porque apetece. Porque ajuda a arrumar ideias. Porque gostamos da partilha. Porque as palavras ganham vida nos olhos de quem lê.
ResponderEliminarAs tuas fábulas fazem -me navegar. E eu gosto tanto :)
Beijos JL
;)
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