17 janeiro 2015






Lisboa, Cerca Moura





É verão e o branco de Lisboa não se cansa
da brancura, o céu de um azul
pálido e constante, na sombra da esplanada.
Os pedreiros falam alto, num português bruto,
os estrangeiros, que nunca leram Cesário,
louvam o encanto da lota, as raparigas passam,
melhores que qualquer cidade,
enquanto o vento tempera o calor

lembrando que existe um rio.
Mas a sombra é um parêntesis, a brancura
um parêntesis, o próprio vento e as raparigas
uma suspensão no quotidiano
que teima em desintegrar-se,
em resistir à superfície da escrita.
Nesta cidade que tranquilamente
se deixa ficar nas colinas, quem sabe
se à espera, quem pode saber.






Pedro Mexia






Sem comentários:

Enviar um comentário

cartografe aqui: