Lisboa,
Cerca Moura
É verão e o
branco de Lisboa não se cansa
da brancura,
o céu de um azul
pálido e
constante, na sombra da esplanada.
Os pedreiros
falam alto, num português bruto,
os
estrangeiros, que nunca leram Cesário,
louvam o
encanto da lota, as raparigas passam,
melhores que
qualquer cidade,
enquanto o
vento tempera o calor
lembrando
que existe um rio.
Mas a sombra
é um parêntesis, a brancura
um
parêntesis, o próprio vento e as raparigas
uma
suspensão no quotidiano
que teima em
desintegrar-se,
em resistir
à superfície da escrita.
Nesta cidade
que tranquilamente
se deixa
ficar nas colinas, quem sabe
se à espera,
quem pode saber.
Pedro Mexia
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