Livro de
água
Fecho as
páginas da noite. E
um livro de
luz fica-me nas mãos,
queimando-me
os dedos e os olhos
com o seu
quente fulgor.
Ponho esse
livro numa estante
lacustre. As
suas folhas cobrem rãs
e nenúfares;
e a música da água
inunda-o,
apagando o seu fogo.
Ninguém sabe
o que está nesse
livro; que
obscuras frases o enchem
de
inquietação; que luminosas
conclusões o
libertam de sombra.
Busco o
enigma do seu título
- exíguo
retrato de um rosto
passado, em
cujo rasto me perco,
engano de
rumo nas entranhas
do nome.
Nuno Júdice
Ah, gostei tanto! Se calhar, todos temos um livro de água e nem sempre reparamos... O Nuno Júdice escreve muito bem.
ResponderEliminarBom, eu tenho poucos conhecimentos musicais, mas vou arriscar a sugestão de uma banda sonora para este poema e que já passou neste mural: "In Water", de Roger Eno. E que tal?
Bom fim-de-semana.
boa escolha ;)
EliminarMuito belo... Boas Festas!
ResponderEliminarboas festas escrivaninha ;)
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