fábula de um amor antigo
nem
a suave recordação nem o tranquilo desespero
tomaram
conta de mim, apenas essa lembrança tua,
e
depois pensei num soneto de amor antigo e perene
um
daqueles amores que já não há mas devia haver
sabes, não
sei se o nosso amor era mesmo tão assim
de paixão
eterna com todos os adjectivos habituais
ou
se apenas já não sabíamos como viver sem ele
e a
ele nos habituámos sem nos acomodar também
embora
ele nos fosse cómodo e acolhedor e sereno
e
dele tivéssemos sempre feito um porto de abrigo
onde
amarrar o cansaço da vida e ancorar a mágoa
penso
muito nisso e tento juntar letras para o esquecer
mas
só agora, mesmo no fim deste soneto, me apercebo
de
que o nosso amor era no fundo mais antigo que nós
José Luís, eu não queria ficar apenas por um "Ah, tão lindo!", "Bonito, mesmo", etc., embora seja tudo isso. Confesso ser difícil juntar letras(!) para o felicitar. Uma das melhores fábulas que escreveu nesta parede.
ResponderEliminarOlhe, gosto porque é, ao mesmo tempo, forte e doce. E, para além de muito bem escrita, tem "informação" aparentemente contraditória e por isso dá que pensar mais. Por exemplo, admitir que a paixão, ainda por cima eterna, se conjuga com o hábito que, também ainda por cima, não incomoda.
E a foto é mais-que-perfeita(!) para enfeitar a história!
Parabéns!
Não se acanhe que a "Renova" continua em alta no fabrico de guardanapos de papel;)))
;)
Eliminarmais uma vez: tão bonito. há qualquer coisa de tão tranquilo nestas fábulas.
ResponderEliminar:)
;)
EliminarEstás a derreter os coraçõezinhos destas meninas, oh Zé Luís! :P
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