09 dezembro 2014







fábula  da  ondulação  do  teu  corpo






dessas noites à beira-rio em que silenciosas as mãos
contavam cabelos, carinhos e outras histórias assim
recordo o marulhar da água contra as rochas mudas
o lamento das rãs e o vento morrendo nos arbustos
as promessas de uma foz em que poderia desaguar
a nau do desejo apenas segredado entre duas bocas
relembro o olhar das margens fluviais e esse querer
descobrir novos caminhos marítimos para as índias
adormecidas em nós mas sempre sonhadas no mar


do mar que não vi guardei a ondulação do teu corpo







5 comentários:

  1. Tão bom! E o título... dava um livro por si só.

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  2. Estou mesmo deliciada com esta fábula, José Luís!
    Mãos a contar carinhos, a nau do desejo... e outras metáforas tão lindas;)
    Muitas vezes, guarda-se melhor o que não se vê, sim
    Parabéns!
    Também concordo com a Carla... Podia reunir as suas fábulas em livro. Pense nisso.
    Ah, a imagem é linda para ilustrar a história.

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  3. Acaba de me ocorrer que a palavra fabuloso nasceu nestas suas fábulas. Gostei muito, josé luís.

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