08 novembro 2014






A jaula





Lá fora há sol.
É apenas o sol
mas os homens olham-no
e depois cantam.

Eu não sei do sol,
eu sei da melodia do anjo
e o sermão quente
do último vento.
Sei gritar até de madrugada
quando a morte se põe nua
na minha sombra.

Choro debaixo do meu nome.
Abano lenços na noite
e barcos sedentos de realidade
bailam comigo.
Escondo cravos
Para escarnecer dos meus sonhos enfermos.

Lá fora há sol.
Visto-me de cinzas.







Alejandra Pizarnik






Sem comentários:

Enviar um comentário

cartografe aqui: