fábula do soneto simples
sempre desejei
escrever um soneto simples com letras de água:
catorze versos
alinhados da forma habitual numa folha branca
em que as
palavras mais não fossem que ondas desalinhadas
e as frases
pudessem evocar as imagens náuticas que em mim
se repetem todas
as noites. deitado ao teu lado não adormeço
sem içar uma
âncora, mesmo quando sei que sonhas um mar
por nós nunca dantes
navegado. ouço a tua respiração suave
e sei que em ti
se aporta a ilhas encantadas, em ti não morre
nunca
a promessa do aroma da canela. se te navegasse podia
descobrir que
afinal não estou preso a este cais e libertar-me
das amarras de
sal nos meus pulsos de marinheiro que naufraga
ao olhar a
mansidão do teu corpo de caravela ancorada a nós:
por
que razão continuamos encalhados nesta maresia só nossa
se sabemos ambos que a maré apenas sobe quando a noite desce?
se sabemos ambos que a maré apenas sobe quando a noite desce?
E está a ver como o desejo se cumpriu?!
ResponderEliminarMais uma história bonita, José Luís;)
;)
EliminarBolas, josé luís, isto não é bom, isto é sublime!!!! ADOREI!!!
ResponderEliminar(e só não fiquei mareada com a ondulação, porque me segurei bem ao cais)
que exagero… ;)
Eliminar"sempre desejei escrever um soneto simples com letras de água". Simples, mas profundo! Já lhe disse o quanto adoro as suas fábulas? Pode chamar-me chata. ;-)))
ResponderEliminarchatanónima ;)
EliminarPalavras simples mas que dizem muito .
ResponderEliminarAdorei :)
;)
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